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ISSN: 2359-0211

2015 - Mesa 15: Métodos e Dilemas Etnográficos

Debatedores: Graziele Dainese de Lima (PPGAS/MN) e Marta Cioccari (UFRRJ)


Los secretos del Estado: cuando las autobiografias “amenazan” la higiene etnográfica
Jeanneth Yépez Montúfar - PPGAS/MN


Resumo: Durante el trabajo de campo para mi investigación doctoral tuve que recorrer los caminos de la gestión pública. Conversar con funcionarios de diversos niveles; leer documentos oficiales; investigar todo lo producido por el gobierno y que está a disposición del público. Sin embargo, fueron las entrelíneas, las conversaciones registradas fuera del grabador, los documentos de archivos no públicos y la propia historia de vida las que contienen el nudo clave de mi etnografía, que como cualquier otra, es finalmente una historia que se desea contar.¿Hasta qué punto el control sobre los datos puede llegar a ser una autocensura? ¿Qué papel desempeñan los procesos de formación ideológica cuando antes que historia, son etnografía? ¿Cuál es el lugar de las apuestas teóricas relacionales cuando se trabaja en contextos, que cómo los de la mayoría de investigaciones antropológicas, son de riesgo y reconfiguración continua? Mi exposición intenta colocar estas discusiones, sacándolas, hasta donde es posible, del marco etnográfico para situarlas en el autobiográfico, jugando con la porosa frontera entre la que observa y la que finalmente, también fue observada.

Palavras-chave: etnografía, autobiografía, teorías relacionales


Diálogos entre as trajetórias da pesquisadora e de suas interlocutoras numa etnografia do balé clássico
Fernanda Ferreira de Abreu - PPGAS/MN


Resumo: Tendo em vista a observação participante realizada em academias de dança de Niterói (RJ) e entrevistas com professoras de balé clássico sobre suas trajetórias na dança, proponho reflexões a respeito da dimensão de intersubjetividade envolvida, o que é pensado a partir das considerações de Devereux (1980) acerca das observações recíprocas que se operam entre etnógrafo e nativos, com ênfase nas contraobservações. Será abordada a possibilidade aventada no decorrer da pesquisa de eu me tornar professora de balé; e o interesse de algumas de minhas interlocutoras de traçarem uma trajetória semelhante à minha, com o projeto de se tornarem professoras universitárias, o que acarretou perguntas sobre minha vivência no meio acadêmico, e eventuais comparativos com suas experiências na dança. Pretendo, assim, discutir os insights gerados para a pesquisa – cujo objetivo consiste em entender como se configuram as carreiras de professoras de balé clássico que trabalham em academias de dança – à medida que minha subjetividade é trazida à tona e colocada em diálogo.

Palavras-chave: intersubjetividade; contraobservação; balé clássico.


Sobre aprendizagem, feitiçaria e etnografia (ou: a escrita feiticeira)
Lucas Marques - PPGAS/MN

Resumo: O afã etnográfico de “obter informações”, conhecimentos, experiências ou, ainda, acessar o “ponto-de-vista nativo” é, em geral, um movimento carregado de frustrações das mais diversas. Pensando nisso, nesta comunicação (que se trata mais de um esboço introdutório de uma parte da minha dissertação) pretendo, a partir das experiências que vivenciei em campo em torno da aprendizagem da feitiçaria, refletir sobre o modo como os conhecimentos são transmitidos nesse sistema e, a partir daí, tentar fazer reverberar esse modo na própria escrita/produção etnográfica, tomando-a também enquanto um saber-fazer sobre o mundo, ou seja, uma “síntese disjuntiva” de uma série de experiências práticas sobre o mundo – síntese sempre parcial e vacilante, pois composta de distintas perspectivas. Trata-se, sobretudo, de refletir sobre o modo como, a partir da feitiçaria, poderíamos pensar na composição daquilo que Malinowski chamou de “teoria etnográfica”.

Palavras-chave: etnografia; aprendizagem; feitiçaria.


Percursos de uma pesquisa sobre o trabalho em padarias
Antônio de Salvo Carriço - PPGAS/MN

Resumo: Proponho discutir o andamento de uma pesquisa sobre o trabalho em padarias, tomando como eixo as suas condições de produção, as dificuldades encontradas e os caminhos construídos. O texto irá abordar as diferentes etapas da pesquisa: a passagem de uma dissertação sobre a qualificação profissional de padeiros no SENAI para uma tese sobre o trabalho em padarias; a decisão do pesquisador de realizá-la empregando-se ele mesmo em uma padaria; a mudança de foco em direção ao balcão, seu contexto de conversas e a rotatividade alta entre esses funcionários; e uma já inesperada oportunidade de trabalhar em uma padaria. Espero mostrar que essas etapas, ao mesmo tempo em que imprimiram mudanças importantes no objeto da pesquisa e na maneira de se relacionar com ele, se revelam complementares no sentido de iluminar o tema do trabalho por diferentes perspectivas. Retomá-las apresenta especificidades e desafios particulares ao pesquisador, que se vê forçado a experimentar modelos narrativos e esquemas de análise a partir de contextos etnográficos constituídos por trocas marcadamente cotidianas, abrangendo conversas incompletas, confusas ou simultâneas, expressões faciais, piadas, dores e um cotidiano de rupturas, chegadas e saídas. 

Palavras-chave: Etnografia, Trabalho, Padaria


Marcas de inteligibilidade nas fronteiras da Heterotopia: fluxos e bloqueios de um corpo venenoso nos territórios ocupados da Palestina
Bianca Marcossi - PPGAS/MN


ResumoO texto que se segue é uma proposta de diálogo entre algumas das reflexões elaboradas durante a disciplina (In)scrituras: sobre mapas e marcas corporais-espaciaisministrada pela Profa Adriana Vianna, e aspectos da experiência da autora como observadora internacional de direitos humanos e testemunha do cotidiano da vida nos Territórios Ocupados da Palestina (Cisjordânia), onde viveu de novembro de 2012 a fevereiro de 2013. Pretende-se, com o trabalho, analisar as marcas, corporais e espaciais, que permitem ou dificultam o trânsito dos corpos pelo território citado, com ênfase àquele performatizado pela autora. Em tal proposta, ganham destaque as ligações entre a dimensão material e performática das marcas como as de nacionalidade, religião, cor/raça, gênero e estética, e a superfície do território em questão, composto e administrado por diversas marcas de ocupação militar, tais como checkpoints, muros, portões, assentamentos coloniais, zonas de treinamento militar etc. Para tanto, o texto é atravessado pelo lugar foucaultiano da Heterotopia, cujos contornos se dão pelo trânsito do corpo da testemunha, já então contaminado pelo conhecimento venenoso de Veena Das, e que, retornado, se vê obrigado a recriar as formas de habitar o mundo.

Palavras-chave: Palestina, heterotopia, marcas corporais e espaciais