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ISSN: 2359-0211

2015 - Mesa 11: Economias, Trocas e Consumos

Debatedores: Mylene Mizrahi (PPGSA) e Gustavo Onto (PPGAS/MN)


“Cuide de seu dinheiro antes que ele abandone você”: acompanhando a formação de agentes multiplicadores de educação financeira
Viviane Fernandes - PPGAS/MN


Resumo: Em junho de 2015, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) em parceria com o Procon Carioca realizou um curso, ainda em fase teste, de formação de agentes em educação financeira. O objetivo da iniciativa foi promover discussões relacionadas às “práticas financeiras saudáveis” - apresentando orientações acerca das vantagens, desvantagens e riscos, bem como dos direitos e deveres dos consumidores ao utilizarem uma série de serviços e instrumentos financeiros. O curso se concentrava ainda no detalhamento de metodologias de planejamento financeiro - não apenas exercitando a construção de orçamentos domésticos e o uso de ferramentas de cálculo - mas também capacitando os interessados, apresentando-os técnicas para a multiplicação dos conhecimentos recebidos em outros espaços. 
A proposta do artigo buscará apresentar o modo como as iniciativas de educação financeira, enquanto política pública, vêm adquirindo relevância - ganhando a adesão de diferentes instituições públicas e privadas em sua disseminação. A partir de uma abordagem etnográfica, jogaremos luz sobre as principais noções que envolvem as metodologias de organização financeira: “diagnóstico”; “planejamento” e “poupança”, buscando compreender os sentidos conferidos a estes processos.

Palavras-chave: Consultores financeiros, ENEF; dinheiro.


Sobre o papel da confiança e das tecnologias digitais de comunicação nas experiências de economia colaborativa
Ramon Bezerra Costa - PPGCOM-UERJ


Resumo: O objetivo deste trabalho é refletir sobre o papel da confiança e das tecnologias digitais de comunicação nas experiências que se apresentam como parte da chamada “economia colaborativa”. Essas práticas econômicas, ditas colaborativas, podem ser entendidas como um processo de produção, circulação e consumo de bens e serviços baseado em sites e/ou aplicativos de celular e na cooperação entre desconhecidos. Tais experiências lembram as costumeiras trocas e empréstimos entre vizinhos, familiares e conhecidos, que agora estão acontecendo entre estranhos e requerendo, a partir de mecanismos construídos, que se confie em alguém que nunca se viu, instaurando singulares relações que parecem estar em algum lugar entre as simples transações comerciais e pessoais. O artigo começa apresentando exemplos de práticas dessa natureza, em seguida trata de como esse fenômeno pode ser entendido para, finalmente, abordar o “lugar/papel” desempenhado pela confiança e pelas tecnologias digitais de comunicação nessas experiências.

Palavras-chave: Economia Colaborativa; Tecnologias Digitais de Comunicação; Confiança.


O valor do certo. Notas iniciais de uma etnografia urbana da moral e da circulação
Evandro Cruz Silva - PPGS/UFSCAR


Resumo: Este trabalho tem como objetivo descrever dados iniciais e apresentar questões norteadores de minha pesquisa de mestrado que tem como tema as relações entre circulação e moral no modo de vida urbano, prospectadas através de uma etnografia que tem como ponto de partida de trabalho de campo uma unidade de medidas socioeducativas para adolescentes, localizada em uma cidade no interior de São Paulo. Com isso, esta apresentação se voltará especificamente a uma situação narrada em entrevista e uma descrição aprofundada de diário de campo para a partir daí buscar duas possíveis linhas de analise: a) prospectar os momentos em que distinções qualitativas de certo e errado agenciam a produção de diferentes regimes de valor na circulação de objetos e sujeitos. b) descrever quais são as características decisivas de situações em que a definição de uma autoridade moral momentânea e contextual se faz fundamental para a produção de bloqueios e desbloqueios de um processo de circulação. Desta forma pretendo descrever, a partir de notas iniciais do trabalho de campo, como a relação entre os diferentes valores em disputa no cotidiano são influências potenciais na produção de um fluxo cartográfico de circulação sujeitos, objetos e discursos na vida urbana.

Palavras-chave: moral, circulação, cartografia.


A Tapioca Pink nas Feiras Orgânicas do Rio de Janeiro
Nadja Ohana - CPDA/UFRRJ


Resumo: Partindo da perspectiva de que o consumo é um ato cultural, a presente pesquisa foca no exame de um tipo de consumo específico: o da tapioca pink orgânica, comercializada em algumas das feiras do Circuito Carioca de Feiras Orgânicas na cidade do Rio de Janeiro. O trabalho tem como objetivo geral analisar como se processa a relação entre os chefs de cozinha, os pequenos agricultores e os consumidores tendo como pano de fundo o trabalho desenvolvido pelo Instituto Maniva, uma associação sem fins lucrativos, criada em 2007, que percebe a gastronomia como um meio de transformação social em que a ética e o prazer na alimentação estão associados. Levando-se em consideração que nos estudos sobre consumo de orgânicos atuais, o papel de intermediador entre os pequenos agricultores e o consumidor, principalmente, o consumidor urbano, é realizado, essencialmente, por grupos e movimentos de consumidores, o objetivo central da pesquisa consiste em refletir sobre o papel dos chefs como intermediadores. Dessa maneira, se impõe a pergunta, quais são as motivações para o chef assumir esse papel? Além disso, é de suma importância entender como os consumidores entendem e lidam com esse fenômeno especificamente.

Palavras-chave: Consumo; Tapioca Pink; Orgânicos.


Notas para Um Design Sociológico do Design de Interiores- Margem sociológica?
Philipe Costa - PPGS/UFF


Resumo: Aparentemente margeando apenas possibilidades sociológicas em busca da construção de um objeto de pesquisa bem delimitado, o atual estado de desenvolvimento da pesquisa “Um Design sociológico do Design de Interiores” se apresenta sob uma “forma prismática”. Pretendo com esta proposta destacar elementos que indicam as possibilidades de erigir, mesmo sob o risco de “refração difusa” ao lançar luz sob esta temática sem precedentes sociológicos, no qual poderia denominar de um “design adjetivado” ou “subcampo do Design” - o design de interiores. Esta palavra importada, design, já incorporada ao nosso vocabulário, será abordada de maneira a garantir sua resiliência. Partindo de leituras de Daniel Miller, Pierre Bourdieu e da antropóloga brasileira Zoy Anastassakis a proposta não é dar recorte ao objeto e sim colocar em perspectiva possibilidades de se pesquisar um “design em específico”, o design de interiores, e o que isto implica. 

Palavras-chave: sociologia da arte – design de interiores – antropologia